Memória da Educação Infantil I

outubro 09, 2019






MINHA INFÂNCIA: O PASSADO COMO FONTE PARA O PRESENTE


Sou Crislaine Dias dos Santos, nasci dia 07 de setembro de 1997, na cidade de Jequié, no interior da Bahia. Sou a filha mais velha dos 3 filhos de Ricardo Ribeiro dos Santos e Cristiane Dias Ferreira, casados há 24 anos. Posso afirmar que vivi uma infância feliz, apesar de todas as dificuldades encontradas, sendo esta regada a muito amor e participação ativa dos meus pais no meu processo de desenvolvimento.

Sabemos que cada um constrói a própria história, sendo esta, carregada de diferentes sentimentos: alegria, descobertas, tristeza, conquistas, desejos, perdas, sentimentos bons e ruins que fizeram parte do nosso passado e que carregaremos por toda vida. 

Quando penso em minha infância, lembro-me do quanto ela foi alegre, mesmo com alguns momentos tristes que marcam-me até hoje. Correr e brincar na rua com meus amigos, soltar pipa ou brincar de bolinha de gude, essa interação me deixava repletamente feliz, pois era no interagir com o outro que eu aprendia novas brincadeiras, conhecia novas crianças e compartilhava o que também já sabia.

O fato de meus pais não terem condições comprar para bonecas e diversos outros brinquedos caros e, que a maioria dos meus amigos tinham, nunca me desmotivou, porque amava a ideia de eu mesma construir meus objetos e me encher de orgulho ao declarar para meus colegas que: “eu mesma fiz!”. Atualmente, percebo o quanto isso não mudou e como ainda preservo esse pensamento, pois quando oferecemos brinquedos prontos, limitamos a imaginação e criatividade da criança. Segundo Marcelino (1990), os brinquedos construídos e comercializados pelos adultos são um “instrumento de dominação de grandes sobre os pequenos que, de certa forma, contribui para tornar as crianças iguais”, dessa forma, veremos que os brinquedos criados pelos adultos influenciam ativamente no controle sobre a criança.

Em diversos momentos como estudante, lembro que adorava as brincadeiras que às vezes tínhamos tanto eu como meus colegas, gostávamos quando a professora nos levava para o pátio da pequena escola, simplesmente pelo fato de sair daquele “quadrado,” já era o suficiente para nós. Isso é muito relevante, pois a postura do professor que um dia tive, ainda está presente em nosso sistema educacional que continua vendo o aluno como sujeito passivo. Queríamos passar mais tempo brincando, pintando e inventando, porém tínhamos que ficar sentadas ouvindo-a falar ou fazendo as atividades que limitava nossa criatividade e desenvolvimento, sendo que para alguns de nós nada daquilo tinha significados. Sendo assim, é importante entendermos que “é no brincar e somente no brincar, que o indivíduo, a criança ou o adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu”. (WINNICOT, 1975, p.80 apud MARCELINO 1989, p. 48).

Hoje, compreendo o quanto algumas práticas que se perpetua no sistema educacional é desmotivador para uma criança. É necessário que como educadores possamos entender que a criança precisa desenvolver-se integralmente, ou seja, desenvolver-se “nos aspectos físicos, psicológico, intelectual e socialmente completando a ação da família” (LDB, Lei nº 9394/96, artigo 29º) e é na escola, ambiente qual passamos tantos anos, que isso se torna possível. E este desenvolvimento deve-se ocorrer de forma prazerosa, através das atividades lúdicas, músicas, dança, teatro, brincadeiras e das relações com o outro, pois é no contato com o outro que conhecemos o mundo e as nossas diferenças.

Por muitos anos o estudo do desenvolvimento do ser humano era sinônimo de estudo e compreensão da infância, visto que essa última seria a responsável pela personalidade do adulto. Etimologicamente, a palavra infância significa ausência de fala. Segundo Philippe Ariés (1960), essa infância tal qual conhecemos hoje é uma construção social, dessa forma, veremos que a ideia de infância foi se constituindo e modificando ao longo dos anos.

Como futura educadora, entender e compreender as diversas concepções de criança e infância é extremamente importante, pois é nos primeiros anos de vida que se constrói a personalidade e quem somos. Contudo, este trabalho proporcionou uma viagem a minha trajetória durante a minha infância, além de um novo olhar sobre as práticas pedagógicas. É indispensável que como mediadora e futura profissional da educação, eu reformule minhas concepções de aprendizagem e construa uma nova postura acerca desse processo. 

Entender que o educando é um sujeito ativo, que carrega conhecimentos prévios culturais e sociais, é essencial. Devemos desconstruir o paradigma de que a criança é uma “página em branco” e que os educadores devem preencher, as crianças são sujeito que devem ter o protagonismo durante o seu processo de aprendizagens, cabendo a nós educadores, o dever de mediar esse processo, sendo essa mediação uma tarefa nada fácil que exigirá de nós um olhar crítico-reflexivo sobre nossas práticas educacionais.






1    REFERÊNCIAS:

ÀRIES, P. A história social da criança e da família. Rio de janeiro: LCT: 1981.

COHN, Clarice. Antropologia da criança. Rio de Janeiro: Zahar, 2005

FARIA, Ana Lucia G. O Espaço Físico como um dos elementos Fundamentais para uma Pedagogia da Educação Infantil. In: FARIA, Ana Lucia G. e PALHARES, Marina (orgs). Educação Infantil pós LDB: rumos e desafios. Campinas: Autores Associados, 1999 p.67-97.

MARCELLINO, Nelson C. Pedagogia da Animação, Campinas, SP: Papirus, 1999. (coleção corpo da motricidade)

Memória de Alfabetização

outubro 09, 2019

Desde muito cedo (aos 3 anos de idade) fui incentivada pelos meus pais a frequentar o ambiente escolar. Não recordo muito dessa época, além de como era a sala (apenas uma), esta era pequena e apertadas, carteiras baixas e distribuídas em fileiras, era um ambiente totalmente desconfortável.


                                                       Fonte: google imagens



            Ano seguinte, vivenciei meu segundo espaço escolar, esta era uma instituição municipal de uma comunidade simples da zona periférica da cidade de Jequié. Fiquei nesta instituição por cerca de 2 anos (4-5).  Lembro bastante da professora, uma senhora alta e loira. Nossas atividades em sala eram basicamente necessárias para o desenvolvimento psicomotor, reconhecimento dos números iniciais, das vogais e aprendizado (memorização) de palavras simples do nosso cotidiano  como por exemplo: mamãe, papai, tio/ tia, vovó/ vovô. Essas palavras, assim como outras, eram trabalhadas em épocas de comemoração. Fazíamos atividades simples, e meramente cópias até à memorização. Posso destacar a estrutura e ambiente da sala de aula: Pequena, com cerca de 15 alunos, cadeiras e mesas baixas,  as paredes eram decoradas com imagens de animais, calendários, dias da semana, vogais, tínhamos também o cantinho da leitura para que tivéssemos contato com a literatura.

Depois da educação infantil, fui para a 1ª série (atual 2º ano) do ensino fundamental I -  Ciclo básico de aprendizagem I -  também uma escola municipal. Fico feliz em resgatar este momento, mesmo que em partes, apesar de não lembrar da professora, lembro do acompanhamento e ensino do meu pai.  Pois, foi ele que ajudou-me efetivamente no processo de alfabetização. As atividades para casa eram supervisionadas e ensinadas por ele. Fato que me chama muita atenção deste momento é, como estudante e sujeito ativo no processo de desenvolvimento de habilidades, sempre fazia minhas atividades ( meus pais nunca fizeram, apenas me guiavam, explicavam, formulavam hipóteses e pegavam minhas respostas erradas e me fazia pensar, pois para eles eu teria que aprender partindo de mim mesma). Apesar de nunca terem comprado um livro, e hoje compreendo que devido nossas condições financeiras que isto nunca foi viável, sempre tive contato direto com a bíblia em casa ou na igreja. E durante este processo, quando eles perceberam que eu já fazia pequenas leituras, solicitou a direção da igreja que frequentávamos para que nos dias de cultos eu pudesse ler versículo bíblicos que ele escolhia. De maneira que, três vezes na semana eu tinha alguns minutos para ler e falar o que entendia daquele trecho para todos no culto.
            Ainda nesse momento, lembro das características e dos objetos que compunham a sala de aula nessa escolinha: As paredes eram repletas de informações, de um lado tínhamos o alfabeto  - as letras sequenciais em maiúsculo e minúsculo. Não lembro o nome da professora, nem sua fisionomia, mas lembro das atividades que eram feitas, algumas delas era o bingo de letras (método usado para a memorização), material dourado, alfabeto silábico - recordo que esse último era o que a turma mais gostava, pois com a ajuda da professora formávamos nossos nomes, nomes dos nossos pais, irmãos e etc. Outras atividades que fazíamos em sala era a transcrição do que a professora escrevia no quadro, repetíamos as letras em voz alta, assim como palavras.  Vemos aqui que “o objetivo nesta fase não é, necessariamente, ensinar a ler e escrever, mas proporcionar a interação com a língua escrita.” ( MARANGON, 2006 p.42). 
            Infelizmente, no ano de 2005, qual estaria cursando a 2ª série do ensino fundamental, não pode ser levada adiante, pois meus pais se separaram. Eu e meu irmão fomos morar com meus avós e não conseguimos vagas na escola mais próxima, sendo assim, tanto eu como meu irmão ficamos sem estudar por cerca de um ano.
Fiz minha 2ª série do ensino fundamental I, em uma escola em um bairro pobre e com uma infraestrutura decadente. Tinha uma excelente professora. Suas aulas eram bem dinâmicas, mas não tão diferente da anterior. O que lembro de diferente era os nomes de cada um nas mesas, a sala tinha em torno de 25 alunos. Essa professora gostava muito de trabalhar ditado de palavras e textos, assim como fábulas e histórias que posteriormente fazíamos atividades relacionadas. O interessante era que a professora pegava textos de outras disciplinas para fazer o ditado e nos ajudar no desenvolvimento da escrita. Também utilizamos receitas, bulas, música e rótulos de produtos para trabalharmos a leitura e escrita. Nesse momento eu tinha cerca de 8 anos e já sabia ler e escrever razoavelmente devido também ao auxílio e acompanhamento dos meus pais.
Destaco que apenas na 3ª e  4ª série - Ciclo básico de aprendizagem II - a partir dos livros doados pela professora, passei a ter uma maior desenvolvimento na leitura e criando o gosto pela escrita. Através deste ato me apaixonei pelas histórias e fazia meus próprios poemas. Sempre tínhamos textos no quadro para serem lidos em voz alta, fazia acompanhamento da leitura individual, um a um iria a sua mesa ler fragmentos de textos diferentes, acredito que sua maior preocupação é que chegássemos à um domínio razoável  da leitura e da escrita. Lembro que a maioria dos conteúdos era sobre a divisão silábica ( e aqui entra o estudo da sílaba: monossílabos, dissílabos e trissílabos e etc...), criação de história e poemas, interpretação de textos, cartazes, em um dos momentos fizemos um álbum sobre plantas medicinais, nele escrevíamos o que cada planta favorecia, onde encontrávamos ela, qual tamanho e etc. As carteiras eram organizadas em círculos, exceto quando tínhamos atividades que envolvia o quadro.
No que diz respeito aos métodos utilizados pela professora, através dos estudos sobre métodos de alfabetização,  posso destacar que eram utilizados os métodos sintéticos  (métodos silábico e soletração  com traços do método fônico) no qual iniciávamos com o reconhecimento de consoantes e vogais, depois sílabas e palavras e por fim sentenças e contos ou textos. Sendo assim, partimos de uma unidade menor (letras) para chegarmos na unidade maior (contos e textos).
Este trabalho proporcionou uma viagem a minha trajetória durante o processo de alfabetização, além de um novo olhar sobre as práticas pedagógicas. É indispensável que como mediadora e futura profissional da educação, eu reformule minhas concepções de aprendizagem e construa uma nova postura acerca desse processo.
Segundo Magda Soares (2003, p. 2), “Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno.” Portanto, é necessário, como alfabetizadores, termos cuidados ao conduzir esta alfabetização. Para a autora apenas ensinar a ler e a escrever não é suficiente, é indispensável  que esse processo esteja intimamente ligado à sua prática no convívio e no meio social.
Ao acompanhar a escrita de uma criança, é possível notar que a mesma apresenta hipóteses e fases de desenvolvimento dessa habilidade. Uma vez que o professor conhece e sabe identificar esses níveis, ele passa a ser um mediador ativo nesse processo. Cabe, à ele o planejamento de atividades que supram as necessidades individuais de cada aprendiz e que estas possam ser trabalhadas com continuidade.

Diante de todos os aspectos mencionados e analisados, podemos concluir que, como futura alfabetizadora, precisamos investir nas práticas de letramento, pois a criança precisa entender o uso da leitura e da escrita nas diversas esferas sociais. É necessário uma ressignificação das atividades propostas, contextualizando-as à realidade dos nossos alunos, uma vez que, a partir dessa mudança  o processo para aquisição da leitura e escrita passará a ser significativo para aquele aluno. 

Investigação da Cultura Escolar I

outubro 09, 2019

UM OLHAR REFLEXIVO  SOBRE O PROTAGONISMO  DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Crislaine Dias
Karine dos Santos
Rosana Da Silva Santos Rocha


1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho é fruto de uma observação participante proposta pela disciplina de Investigação da Cultura Escolar I e Educação Infantil I como requisito obrigatório avaliativo das disciplinas no III semestre do curso de Licenciatura em Pedagogia.  As observações foram realizada em uma turma do Grupo 4 da Educação Infantil em uma escola municipal de Jequié. O principal objetivo desta pesquisa é analisar e refletir como é desenvolvido e potencializado o protagonismo e a autonomia dessas crianças da Educação Infantil nessa escola, tendo como referência Maria Montessori, pois seu modo de pensar nos apresenta caminhos significativos para uma formação mais autônoma da criança dentro e fora do ambiente escolar.  Segundo Montessori (1965)
Para ser eficaz, uma atividade pedagógica deve consistir em ajudar as crianças a avançar no caminho da independência; assim compreendida, esta ação consiste em iniciá-la nas primeiras formas de atividade, ensinando-as a serem autosuficientes e a não incomodar os outros. (MONTESSORI, 1965, P. 53)

Dessa forma, veremos que essas práticas pedagógicas são maneiras objetivas de promover dentro da sala de aula ainda na Educação Infantil o avanço da criança nos diversos aspectos. Sendo estas práticas, os caminhos que o educador deve proporcionar para que a criança consiga alcançar o seu objetivo e se desenvolver adequadamente.  Contudo, percebemos que a principal preocupação de Montessori é o desenvolvimento da criança de maneira autônoma como protagonista nas situações de aprendizagem, cabendo ao professor neste processo ser um facilitador da evolução de cada aluno. 


2. ANÁLISE 

Durante um período de 10 dias imersos na rotina da  escola através de uma observação participativa e pesquisa realizada  na instituição e também através de materiais cedidos pela direção, foi de onde extraímos recursos para elaboração deste trabalho. Os instrumentos de produção dos dados são baseados em observações das interações das crianças com o contexto educativo, produzidos a partir da inserção em uma turma de quatro anos de uma escola municipal. Temos como principais sujeitos às crianças, e tomamos as medidas éticas de respeito e compreensão das especificidades que preservam a integridade desses sujeitos. Assim, investigamos as interações das crianças no espaço escolar formal, pautadas nos aportes Teóricos de Maria Montessori centrados na investigação das experiências das crianças como protagonistas. Na presente pesquisa, considerando os objetivos que movem a observação, a qual está centrada na investigação das experiências das crianças como protagonistas, nos ancoramos nos preceitos da pesquisa qualitativa também, por entendermos que nos dá subsídios a nossos propósitos investigativos que tem como lócus o espaço educativo, lugar que ocorre o processo dinâmico, interativo das relações humanas. Os principais sujeitos participantes desta pesquisa são as crianças que compõem uma turma  de quatro anos de uma escola municipal, localizada na cidade de Jequié. Essa opção se fez necessária dentro dos propósitos desta pesquisa. Também, por reconhecermos que as crianças são sujeitos sociais de pleno direito e competentes .
De acordo com Montessori (1972) 
o primeiro passo da educação é prover a criança de um meio que lhe permita desenvolver as funções que lhes foram designadas pela natureza. Isso não significa que devemos contentá-la e deixá-la fazer tudo o que lhe agrada, mas nos dispor a colaborar com a ordem da natureza, com uma de suas leis, que quer que esse desenvolvimento se efetue por experiências próprias da criança. (MONTESSORI, 1972, p. 82) 

Desta forma, compreender a criança protagonista remete-nos a entendê-la como sujeito ativo e produtora de cultura.  A instituição de Educação Infantil é um espaço de criação das culturas infantis, a criança é protagonista nesse sistema de relações e trocas com os demais sujeitos, que as possibilita viver experiências ricas e diversificadas em interação com a realidade social, cultural e natural. Vimos que na escola, muitas vezes em nome da “atividade” - ação considerada pedagógica, a criança é silenciada na sua capacidade de participação, não permitindo que ela se expresse e que se envolva em processos criativos, cumprindo apenas tarefas.  Para Montessori, (1972, p. 83) a educação não é somente aquilo que os professores ensinam às infâncias (sem fala), mas também de um processo espontâneo e coletivo em que incorporam e aprendem na sua forma e no seu próprio tempo. As crianças aprendem também por estímulos do ambiente, cabendo aos professores não apenas transmitirem o conhecimento, mas se disporem a preparar uma série de atividades, levando em consideração o contexto em que vivem e o pensamento da criança. Nas palavras de Montessori (2010) 

a educação não deve ser mais e principalmente transmissão de conhecimentos; é preciso que ela se oriente numa nova direção, que ela procure desenvolver as potencialidades humanas. [...] É aqui que começa uma nova orientação na qual não será mais o professor que ensina tudo a criança, mas a criança constrói esse conhecimento sendo mediada pelo professor.  (Montessori,2010, p. 8-9)



3. CONCLUSÃO

A partir da observação podemos destacar os diversos fatores relacionados à escola, dentre esses dias tivemos contato com a professora e os alunos, podemos observar a rotina da sala de aula, as atividades propostas pela professora, a estrutura que não condizem para o avanço e rendimento dos alunos, se falando tanto de sala de aula quanto da escola em si. Um dos maiores desafios perante os quais se coloca a educação infantil hoje, é compreender que a construção do conhecimento pela criança necessita de um contexto social e um ambiente pedagógico rico de experiências para as crianças, que desafie e promova a sua participação. O conhecimento não está dado através de modelos, pelas repetições e produções de tarefas, mas é construído por meio das relações e interações educativas - pedagógicas estabelecidas entre e com as crianças, favorecendo a sua elaboração e expressão através das diferentes linguagens.  A autonomia e o protagonismo fazem parte dos processos educativos interdependentes e formativos, que hoje se dissociam da ideia de posse do saber, aliando-se à capacidade de aprender por meio da autocrítica, do recriar-se constante. Trata-se de aprender a (re)interpretar o mundo a partir da valorização das experiências diferentes das crianças, o que implica na possibilidade de se colocar no lugar do outro e sensibilizar-se através do diálogo, enquanto autocriação e resistência ao mundo de incompreensões. Vimos na unidade escolar crianças com potencial enorme para fazer essa etapa do ensino ser muito mais produtiva, no entanto não são tantas despertadas para essa prática. Todo o material que são trabalhados ali já são entregues prontos para aqueles discentes , o que torna muitas vezes as atividades desinteressantes. Na maioria do tempo as crianças ficam apáticas por só ficar sentada e com quase nada para fazer. Em relação a isso Montessori enfatiza: 
“... o adulto deve adaptar-se às necessidades das crianças e torná-la independente, não sendo para ela um obstáculo e não a substituindo nas atividades que permitem o processo de maturação...” (MONTESSORI, 1989: p.161)

A criança tem o papel de observar, construir, atuar, independente da intervenção imediata de um adulto. O professor mediador deve deixar a criança livre para agir, criar, manusear o material trabalhado, intervindo somente quando necessário, transmitindo confiança, afetividade, segurança, valores sociais, fazendo com que esse relacionamento seja formativo e afetivo.





4- REFERÊNCIAS:

MONTESSORI, M. M. Apresentação. In: Congresso Brasileiro de Educação Montessoriana, 1, São Paulo, 1974.. Anais do 1º. Congresso Brasileiro de Educação Montessoriana. São Paulo: CBEM, 1974.
______________, Maria. Pedagogia Científica: a descoberta da criança. São Paulo, Flamboyant, 1965. 
______________, Maria. Mente absorvente. Rio de Janeiro: Portugália Editora (Brasil), 1961.
_____________,  MONTESSORI, Maria. A Descoberta da Criança – Pedagogia Científica. Tradução Pe. Aury Maria Azélio Brunetti. São Paulo: Kírion, 2017